segunda-feira, 3 de setembro de 2012

"Berimbau é O maior"

No jogo da capoeira, é comum observar capoeiristas realizarem um ato de reverência ao pé do berimbau que se assemelha com o ato de "bater cabeça" na Umbanda. É comum também que não-praticantes e novos praticantes de capoeira e não compreendam o ato.
Outra coisa comum é a capoeira ter filosofias, regras, costumes diferentes dependendo do lugar onde ela é praticada e ensinada tanto quanto a Umbanda, por essa razão o respeito sempre é um valor indispensável para compreender outras visões.

Ilustração de Carybé
Em seguida segue o texto para que possam refletir sobre o ato na Umbanda e na Capoeira:



O ato de bater cabeça
Robson Sciola

O ato de bater cabeça, talvez seja a parte da ritualística umbandista cuja simbologia esteja no inconsciente coletivo da humanidade desde o princípio dos tempos.
O ato de levar a cabeça ao solo é encontrado, praticamente, em todas as religiões e foi trazido para alguns protocolos do mundano tendo em vista que em muitas sociedades os seus soberanos eram tidos como representantes terrenos da divindade.
Seu significado pode ser interpretado como (reconhecimento da) submissão do ser humano diante da onipotência da deidade, muitas vezes representada através de fenômenos da Natureza. Ou seja, a aceitação de nossas limitações diante daquilo que não podemos controlar. Trata-se, portanto, de um sinal de respeito e de entrega.
Também pode ser entendido como representação de humildade, bem como uma forma de agradecimento (p.e., à Mãe-Terra que, através de seus mistérios, nos dá tudo o que nos sustenta e mantém).
Pode-se, então, dizer que na Umbanda bater cabeça significa respeito pela deidade, orixás, guias e entidades que são representadas tanto pelo congá ou congar, como por pontos de força ou energia (a tronqueira e os atabaques), e ainda nas figuras dos sacerdotes e sacerdotisas ou mais velhos na religião.
A ritualística pode variar de terreiro para terreiro, função de doutrina e fundamentos próprios.